O que me leva a buscar com mais afinco e profundidade as raízes e, principalmente, as consequências do pensamento feminista é a constatação dos seus terríveis resultados práticos para a vida das pessoas, das famílias e, principalmente, das mulheres.
A meu ver, nada produziu um efeito mais devastador na compreensão da sociedade contemporânea sobre sua própria identidade do que as elucubrações feministas.
Também é terrivelmente assustador o que esse estilo de pensamento revolucionário fez com a compreensão do casamento, principalmente no que tange à sua importância para tornar o homem e a mulher completos, perfeitos e como bom fundamento de uma sociedade coesa.
Outro problema central nas consequências trazidas pelo feminismo na prática é a aversão que esse movimento inculcou no imaginário da mulher, levando-a a rejeitar a maternidade — uma dádiva dada como privilégio pelo Criador.
Foram tão ferozes e eficazes em sua revolução que fizeram as mulheres preferirem o sexo descompromissado à construção de belas famílias.
Trocaram a maternidade por uma “liberdade egoísta”, que as faz ver a dádiva de gerar um bebê como um peso desnecessário, deformador de seus próprios corpos — corpos que, supostamente, viabilizariam conseguir mais parceiros para relacionamentos casuais.
Não é por outro motivo que as amarguras geradas a partir de escolhas feministas tornam-se punhais de arrependimento cravados na alma, principalmente quando a maturidade chega e a vida envelhecida anseia por sua continuidade em outro ser.
A citação abaixo é extraída do livro de Mary Wollstonecraft, considerada uma protofeminista, intitulado Reivindicação dos Direitos da Mulher, publicado em 1792:
“Lutando pelos direitos da mulher, meu principal argumento é construído nesse princípio simples: que, se ela não for preparada pela educação para se tornar a companheira do homem, ela impedirá o progresso do conhecimento e da virtude; pois a verdade deve ser comum a todos, ou será ineficaz no que diz respeito à sua influência na prática geral.
E como se pode esperar que a mulher coopere a menos que saiba por que deve ser virtuosa? A menos que a liberdade fortaleça sua razão até que ela compreenda seu dever e veja de que maneira ele está conectado com seu verdadeiro bem?
Se as crianças devem ser educadas para compreender o verdadeiro princípio do patriotismo, sua mãe deve ser uma patriota; e o amor pela humanidade, do qual surge uma sequência ordenada de virtudes, só pode ser produzido considerando o interesse moral e civil da humanidade. Mas a educação e a situação da mulher, atualmente, a excluem de tais investigações.” (p. 8-9)
Feminismo – visão de Mary Wollstonecraft
Esse é considerado o primeiro documento feminista produzido.
Tinha como objetivo reivindicar direitos para as mulheres na efervescência da Revolução Francesa, ocorrida poucos anos antes, em 1789, e está carregado do sentimento existente à época: uma insurgência dos homens contra os preceitos monárquicos e, principalmente, divinos.
O argumento de Wollstonecraft consiste na premissa essencial de que, se a mulher tiver acesso à educação, se tornará:
- uma melhor companheira para seu marido;
- mais conhecedora das virtudes;
- mais racional;
- uma mãe mais eficaz, capaz de ensinar aos filhos os verdadeiros valores familiares e sociais, tais como moral, patriotismo e humanidade.
Na perspectiva da autora, a mulher deveria, por meio da educação, ser mais humana e patriota para melhor transmitir esses valores aos seus filhos.
Para Wollstonecraft, se as mulheres conseguissem frequentar escolas e universidades com mais facilidade seriam mais virtuosas, melhores esposas, melhores mães e mais cooperativas na sociedade em que estavam inseridas.
Por acreditarem que Wollstonecraft era muito conservadora, feministas mais modernas a criticaram ferozmente, tais como Simone de Beauvoir e Judith Butler.
Para elas, Wollstonecraft pregava uma igualdade racional entre homem e mulher, mas não questionava — para não dizer reforçava — o esquema patriarcal que imperava até então.
Fogo Amigo – A Crítica Feminista
Beauvoir defendia a total desconstrução da chamada “opressão da mulher”, que se manifesta pela ditadura do masculino como modelo universal e como primeiro sexo, empurrando a mulher para uma condição secundária, ou como um desvio da sexualidade primaz.
Butler, não satisfeita em promover uma espécie de insatisfação irracional da mulher contra o homem, parte de pressupostos condenados à falência pela ciência empírica e deseja relativizar o sexo biológico, destruindo tudo que foi construído pelas feministas que a antecederam.
Ela também defende uma espécie de gênero fluido, líquido, que acontece de maneira estranha e imprecisa, tentando estabelecer características evidentes de um gênero aleatório — decorrente dos devaneios daqueles que se julgam livres por não saberem quem são, apenas o que foram ensinados a não ser.
Nessa esteira, propõe mudar constantemente com intervenções radicais no corpo, a todo tempo e de todas as formas, como forma de protesto contra uma suposta herança patriarcal heteronormativa.
Não por outro motivo, Butler é considerada uma autora de difícil compreensão, com ideias abstratas e inaplicáveis, que mais atrapalharam na aquisição de melhores direitos do que qualquer outra coisa. Também, o que poderíamos esperar de alguém que pretende criar uma visão convincente de algo absurdo, impraticável, ilógico e antinatural?
O chamado protofeminismo
A priori, sua visão está eivada do sentimento que se evidenciava à época. O Renascimento tratou de diminuir a importância da Igreja como fonte da formação do caráter do indivíduo e, principalmente, como caixa de ressonância da moral social.
Ato contínuo, o Iluminismo tratou de desvalorizar a fé, dando a ela uma conotação negativa. Em seu lugar, trouxe o discurso do conhecimento científico como fonte do melhor estilo de vida, criando uma rivalidade inexistente entre essas duas formas de conhecimento: a fé e a ciência.
Percebemos que a intenção de Wollstonecraft não era somente inserir a mulher no ambiente acadêmico, mas, principalmente, diminuir — e, por que não dizer, eliminar — a moral cristã que se anunciava por meio da Igreja e se consolidava no seio das famílias.
Nas entrelinhas de seus escritos, está a preocupação de oferecer à mulher — que, embora não frequentasse universidades, frequentava igrejas — uma outra fonte de formação para ensinar seus filhos.
Não quero com isso dizer que as mulheres não devam ter acesso à educação. Muito pelo contrário, creio que o desenvolvimento intelectual é bom em todos os sentidos, desde que não nos leve a falhar na escolha das prioridades.
Tudo pode ser bom, desde que prioridades estejam bem estabelecidas e jamais removidas. De que adianta homens e mulheres crescerem intelectualmente, prosperarem financeiramente e construírem castelos sobre as ruínas de suas próprias famílias? Não consigo enxergar mérito nem evolução nisso.
O segredo do feminismo nas entrelinhas e as meia-verdades
Sorrateiramente, busca-se substituir a Igreja pelas universidades, a fé pela ciência, e a moral cristã por uma moral humanista, mais preocupada com prazeres do que com uma vida digna e propositiva.
Atribui-se às escolas e universidades a missão de formar a “melhor esposa”, a “mulher que coopera”, a “mulher virtuosa”, a “mulher racional”, a que “conhece o verdadeiro bem”, que é uma “mãe melhor, mais patriota” e que atende ao “interesse moral e civil da humanidade”.
O que vemos hoje, passados dois séculos do lançamento dos alicerces que afastaram as mulheres do lar e as chafurdaram em escolas e trabalhos, é que essas instituições não conseguiram cumprir o papel de torná-las melhores esposas e mães — a não ser que entendamos “aumentar a renda familiar” como o seu melhor feito.
A partir da aceitação das ideias lançadas por Wollstonecraft, a mulher passou a se sentir valorizada pelo grau de escolaridade e pelos salários que ganha — mesmo que isso lhe custe a criação dos filhos e a edificação do lar.
Nada se tornou mais terrível para a família do que a perda da presença da leoa diária, capaz de realizar múltiplas tarefas para tornar o lar o melhor lugar para toda a família.
A ideia era tirar a mulher das “garras perversas” da igreja — que ensinava a castidade, o cuidado com a família, a fidelidade conjugal e uma vida moderada — para entregá-la de mãos beijadas ao feminismo, que, algumas décadas depois, a imergiria em uma vida devoluta, lasciva, antimaternidade e anticasamento.
Creio ser incalculável o prejuízo causado pela desconstrução, no imaginário feminino, do valor da maternidade e da missão essencial de gerar, acolher no ventre, parir, cuidar e, ao final, formar seus filhos e servir como base de qualquer família saudável — e, por consequência, uma sociedade saudável.
Ao observarmos o comportamento da sociedade, o esfacelamento das famílias, filhos rejeitados, pais indispostos a cuidar de suas esposas sob a ótica bíblica do sacrifício por amor, e esposas que desprezam o cuidado do lar, vemos que, não fosse o cristianismo e sua resistência a essa onda avassaladora…
Como sempre, a estratégia é, paulatinamente, quebrar os muros de proteção da família, da moral cristã e da religião, para introduzir outros ensinamentos — com força de religião também — que devem ser seguidos cegamente, sob pena de perecer no inferno da moralidade cristã, ao invés de gozar da salvação no paraíso da lascívia, nas ruas de ouro da promiscuidade, sem marido, sem família, sem filhos, sem honra, mas cheias de conhecimento inútil, vazio e fugaz…
“…sempre aprendendo, mas jamais conseguem chegar ao conhecimento da verdade.”
(2 Timóteo 3:6)
E aí? Te parece uma boa troca?
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