O circo já estava montado. Os palhaços adentram o picadeiro para começar seu espetáculo. Nada novo acontecerá ali. Tudo já está combinado, ensaiado e cada palhaço preparado para suas palhaçadas
Surpreendendo a todos, um deles decide não colocar a máscara para não participar daquele show de horrores.
Dos cinco que estavam preparados para o show, um declinou. Achou melhor ser humilhado, provocado e escarnecido por seus pares do que fingir que a máscara era seu próprio rosto.
4×1! Esse foi o placar final. Quatro palhaços a favor e um, somente um, contra!
A COMPOSIÇÃO DA TURMA
O palhaço-chefe tinha traços narcisistas. Gostava que as coisas fossem do seu jeito. Nunca perdia a oportunidade de fazer uma provocação entre uma ou outra piada.
Todos os que olhasse para ele e que não visse ali um psicopata, ainda que a cabeça careca e o nariz grande e vermelho revelasse quem ele era.
Ele nem sempre foi palhaço naquele circo, antes era ajudante de um outro importante personagem: O macaco ladrão.
Dizem as más línguas que sua tarefa era distrair a plateia enquanto o macaquinho roubava as carteiras do povo.
OS DEMAIS COMEDIANTES
Tinha uma palhaça na turma que não foi criada no circo, embora já tenha muito tempo por ali.
Ela estava caracterizada como uma palhaça mas seu aspecto era meio assustador. Parecia uma morta viva. Estranho.
Nesta apresentação, ela servia de escada para o palhaço principal, o careca com cara de psicopata.
Um outro palhaço era muito engraçado. Ele era o gordo da turma. Suas piadas eram daquele tipo mais pesado.
Gostava de fazer brincadeiras com a vida das pessoas. Apesar de muito gordo, fazia graça com pessoas que passam fome ou que se davam mal porque eram desobedientes. Ele se divertia muito falando do sofrimento dos outros.
O quarto era um palhaço mais sério. Apesar de mais discreto, estava sempre apoiando as piadas do palhaço-chefe e careca. Todos diziam que ele só estava naquela turma porque tinha um amigo que o ajudou a contracenar ali.
Percebia-se que ele tinha uma missão para cumprir enquanto fazia sua graça: Agradar o amigo que o indicou.
O quinto palhaço é o tal que se cansou de fingir no picadeiro. Ele era de uma família de palhaços tradicional. Cresceu dentro do circo. Conhecia muito bem as regras e o funcionamento de tudo.
Parece que não suportou mais tanta mentira e tanta piada sem graça que o seu grupo fazia a muito tempo. Preferiu a inimizade dos colegas engraçadinhos do que ferir de morte, para sempre, sua consciência e reputação.
Sua postura foi muito importante. Era necessário que todos os que assistiam aquilo tudo soubessem que até um importante palhaço, formado no circo, estava cansado daquelas piadas nojentas.
O ESPETÁCULO ANTI-BOLSONARO
Quanto ao espetáculo, nada novo! Todos já sabem que palhaços só podem fazer palhaçada.
A ideia, na verdade, enquanto brincam um com outro e fazem trocadilhos, é esconder o que está acontecendo por detrás das cortinas.
Esta técnica se assemelha a dos ilusionistas. Chamam a atenção para uma das mãos, enquanto a outra faz movimentos sutis que enganam nossa frágil capacidade de compreender as coisas. Somos enganados olhando atentamente, só que para a mão errada.
Atrás das cortinas não existem risos nem piadas, mas malignidade, perversidade e injustiça.
No picadeiro, risos, frases bonitas, deboches e “defesa da democracia” dão o tom do evento. Tudo para enganar e distrair a multidão.
BOLSONARO, O ESCOLHIDO
Como sempre faziam, escolheram um da platéia para fazer suas piadas.
Escolheram um homem justo e que não cometeu crime.
Expuseram à vergonha. Sua intimidade foi vazada em áudios de telefone e conversas particulares. Sua vida exposta covardemente.
Apareceu tudo, só não apareceu o crime.
Chamaram de importunador de baleias, ladrão de jóias, jogaram na conta dele as compras de imóveis de sua família. Tudo que é culpa que estava passando por perto, arrumaram um jeito de dizer que era dele.
Culparam por que choveu muito, depois porque não teve chuva.
Disseram que ele era o responsável por males que outros cometeram.
É como se ele tivesse culpa porque, por exemplo, um vírus escapou de um laboratório do outro lado do mundo, em outro país, e tirou a vida de pessoas.
UM SIMPLES EXEMPLO
Imagina esta suposição: Alguém deixa um vírus fugir de um laboratório. Por onde este vírus passa, pessoas morrem. Outras pessoas fazem festa mesmo com o vírus espalhado, uma festa tipo carnaval de 2020. Desta forma, o vírus ganha força e se espalha ainda mais. Será que o cara é culpado mesmo? Não importa. Ele é igual arame farpado. Tudo que passa, agarra nele.
Eles não faziam isso baixinho, discretamente. Não! Humilham em alta voz e com o máximo de exposição. As acusações mentirosas podiam ser ouvidas nas caixas de som, estavam escritas em algo que parecia um jornal – embora não fosse um jornal de verdade -.
A coisa era tão violenta que expunham em todas as televisões do local.
Para que não pairasse dúvidas de que todos os presentes veriam aquelas mentiras, fizeram com que chegasse nos telefones da plateia. É a tecnologia a favor da execração pública e como propagadora do ódio e da mentira.
O pior é que eram somente acusações vazias na direção de alguém que tinha que ser criminalizado. Os palhaços não suportavam que aquele homem não fosse igual a eles.
AS REGRAS DO PICADEIRO
Na lógica deles se baseia na seguinte sentença: Se ele não é igual vamos fazer parecer igual.
É como dizia o palhaço de outro picadeiro muito famoso: “Mostre-me o homem que eu encontrarei o seu crime.”
Narrativas construídas funcionam por algum tempo mas a verdade prevalecerá. A verdade é absoluta.
Qual o verdadeiro crime cometido pelo homem exposto?
Não compactuar com o sistema corrupto, não nomear políticos antigos, cobras criadas para cargos específicos, o erro foi querer o melhor para o Brasil e defender a família. Este último, de todos, é o mais imperdoável.
O erro foi militar contra os inimigos do Brasil, não participar dos esquemas corruptos, também não financiar consórcios de mídia, imprensa e televisão. O drama foi não se vender, fazer benfeitorias de verdade para o povo ou cuidar da economia com zelo.
Esse foi o grande erro!
A PLATÉIA
Nós somos a plateia e podemos fazer nossas escolhas.
Podemos aceitar, compreender ou deixar os palhaços continuarem falseando a verdade no picadeiro.
Normalmente, quando isso acontece, quem paga a conta é o público.
Todos pagarão o preço: quem gostou das palhaçadas, quem reclamou do espetáculo e até quem não viu o que aconteceu porque estava distraído.
Por pior que pareça agora, isso não é fim.
Mais dia menos dia, os palhaços terão que tirar as máscaras para enfrentar a realidade que se impõe.
Eles perceberão que o picadeiro não será capaz de fazer a plateia sorrir para sempre.
Tem uma hora que o povo cansa das mesmas piadas. Se cansa de pagar a conta de um espetáculo tosco. Se cansa de ser humilhados pelos palhaços idiotas que acham ser alguma coisa.
No íntimo, todos sabem que aqueles palhaços que execraram aquele homem injustamente, escolherão outras pessoas justas para humilharem como parte do espetáculo que eles mesmo denominam “Pela proteção da democracia”.
Está mais para “demo gracinha”, para falar a verdade.
QUANDO O RISO ACABA, A PALHAÇADA ACABA TAMBÉM
Uma coisa eu sei: Palhaços não fazem show para uma platéia que não está disposta a sorrir!
Quando a risada acaba, a graça acaba também e o circo tem que ser desmontado, guardado, destruído ou então, outro lugar terá que ser encontrado para montar sua lona, seu picadeiro para fazer suas sem graça palhaçadas.
Se a plateia ri, eles se fortalecem.
Quando o efeito da anestesia acabar e a dor voltar a doer, podemos ser surpreendidos.
É possível que uma grande plateia que ri, se torne violenta caso percebam que tudo não passa de uma farsa. Infelizmente isso pode acontecer.
Nesta hora os palhaços somem, desaparecem ou, na melhor das hipóteses, acabam tendo que mudar de profissão.
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